Um Projeto é uma atividade organizada que visa resolver um problema.
(RMESP, 1999)
(...) o projeto não é uma simples representação do futuro, do amanhã, do possível, de uma ideia; é o futuro a fazer, um amanhã a concretizar, um possível a transformar em real, uma ideia a transformar em ato.
(Barbier, 2000)
Importa é opor, com mais veemência, ao trabalho sem sentido de “coisas da escola”, uma perspectiva de aprendizagem de um conjunto de competências para desempenho de funções socioculturais efectivas. A educação existe numa cultura situada e a ela pertence.
(Niza, 2001, p. 3)
Aprender, é investigar e conhecer através da própria experiência adquirida; Aprender é sentir, participar e aceitar
a lei natural e a lei do grupo humano.
(João dos Santos, 1982)
1. Todas as crianças gostam de fazer projetos.
2. O trabalho em projetos pode dar sentido a muitas aprendizagens que, normalmente, a escola, não consegue dar.
3. Um projeto é mais do que um produto... É um processo complexo, resultado de um conjunto de procedimentos, onde as crianças se empenham totalmente e através do qual desenvolvem importantes competências.
4. Para fazer um projeto não basta ter uma curiosidade: é preciso depois todo um trabalho de estruturação num plano de investigação.
5. Neste processo, o trabalho de planificação e gestão de tarefas é fundamental.
6. O trabalho de projeto começa quando se pensa num tema e acaba com a avaliação do processo, normalmente no final da comunicação.
7. Quem faz um projeto aprende coisas, mas quem assiste depois à sua comunicação também aprende.
8. Regular o processo de trabalho nos projetos é dar (mais) um passo para a autonomia.
9. O trabalho em projetos é uma atividade cooperada em permanente construção.
Ponto de partida
A partir do momento de apresentação de produções e após as perguntas e comentários do grupo, partiu-se para a realização de um projeto, “Os planetas”.
O grupo reúne-se e regista como e o que vai fazer.
Após definirem as fontes de informação que vão utilizar e com ajuda do adulto, iniciam a pesquisa.
Reunida a informação, passa-se à concretização que foi previamente combinada com o grupo. Os projetos podem ser individuais, de pequenos grupos ou coletivos.
A montagem pode ser feita através de um cartaz, livro álbum, folheto em 3D… consoante a escolha dos autores.
Após a finalização da pesquisa e montagem, os autores comunicam ao restante grupo que no final tem sempre a oportunidade de fazer perguntas e comentários.
Por fim todos os elementos do grupo fazem um registo individual sobre o que aprenderam ou gostaram mais do projeto.
O trabalho de projeto tem um lugar na Agenda Semanal
A Agenda Semanal define a organização da semana. Nela se contemplam todos os tempos do trabalho curricular, nos seus vários domínios. A sua gestão é da responsabilidade do professor em conjunto com o seu grupo.
O trabalho de Projeto, normalmente inserido na área curricular de Estudo do Meio, contempla 3 tempos regulares:
Dois tempos de investigação
Um tempo de comunicação
Planeamento coletivo
No início de cada ano letivo a turma escolhe, preferencialmente no currículo de Estudo do Meio, os primeiros grupos de trabalho, bem como os respetivos temas de investigação.
Neste tempo realiza-se uma conversa inicial e exploratória relativamente aos interesses de cada criança, procurando que cada uma explicite de forma mais objetiva as suas motivações para a escolha que fez. A turma vai, também, participando neste momento, de forma a enriquecer/esclarecer/fazer esclarecer este primeiro exercício de sistematização e planeamento.
Planificar o projeto
Já no pequenos grupos formados, o professor com as crianças, vai estruturando toda a investigação, através do preenchimento do PLANO DE PROJETO, onde se explicitam várias questões, entre as quais:
O que cada um pensa sobre o assunto em estudo. Tornar conscientes os pré-requisitos de cada um é fundamental para um maior envolvimento na temática.
O que cada um quer saber (estudar). As crianças irão elaborar as várias perguntas/curiosidades que as motivaram para a escolha do tema.
Quais os aspetos curriculares que são obrigatórios abordar. Sendo este trabalho de um dos Programas, é importante que as crianças incluam na sua investigação os aspetos curriculares exigidos. Mas elas vão sempre muito mais além e querem saber muito mais dos que lhes é exigido!!
Que produção vão fazer. Apesar de por vezes a primeira ideia poder ser alterada em função do desenrolar do trabalho, é importante que este comece, desde logo, a direcionar-se de uma forma mais objetiva para um tipo de registo concreto (cartaz, livro, powerpoint, folheto, jogo...)
Estrutura do trabalho. A organização das perguntas/curiosidades numa espécie de índice numerado ajuda a concretização do trabalho, orientado as várias fases do trabalho, nomeadamente o da pesquisa.
Como qualquer plano, o PLANO DE PROJETO pode ir sendo alterado à medida que se vai trabalhando na investigação, em função de alguns fatores que podem acontecer – informações interessantes que entretanto se descobriram, falta da informação pretendida... O importante é que estes processos de regulação dos processos de trabalho sejam partilhados entre todos, de forma a que as crianças se assumam cada vez mais como condutores e produtores do seu trabalho.
Pesquisar a informação
A pesquisa tem vindo, ao longo dos últimos anos, a sofrer grandes transformações, em virtude da massificação dos canais de informação. Daí que atualmente se utilize a Internet como canal privilegiado.
De qualquer forma, podemos pesquisar também em livros, em jornais e revistas, com o apoio de especialistas e de entrevistas...
Todas estas técnicas requerem aprendizagens diferentes e específicas, que vamos aferindo e regulando com as crianças, de forma a torná-las cada vez mais eficazes, autónomas, maduras e competentes nesta fase do trabalho.
Tratar a informação pesquisada
Esta é a fase mais complexa do trabalho de projeto. É nela que se mobilizam um grande número de competências curriculares, como são a leitura e a escrita. É também neste momento que surgem mais obstáculos, uma vez que os textos que se encontram para a investigação são todos diferentes, estão organizados com estruturas diversas ou com vocabulário nem sempre acessível.
Compreender a informação, selecionar o que interessa num texto, resumir, escrever por outras palavras... são tudo competências fundamentais de estudo que acompanham os indivíduos enquanto alunos, nos seus vários ciclos de aprendizagem.
É sobretudo neste momento de trabalho que o apoio do professor se torna muito importante, no sentido de ajudar as crianças a ganharem técnicas de estudo e de tratamento de informação eficazes e que as ajudem a aprender.
Passar a informação tratada
As novas tecnologias trouxeram à investigação grandes facilidades, no sentido de que, por exemplo, saber utilizar um computador é um requisito fundamental. Por outro lado, não podemos esquecer o papel e o trabalho manual, também ele repleto de potencialidades.
Consciencializar estas escolhas e tomar opções justificadas torna-se, também, num importante contributo para as aprendizagens das crianças.
Montar e ilustrar a produção
As produções dos Projetos são obras que ficam. São produtos que têm vida muito para além do trabalho em si. Vão servir os outros. Vão fazer parte do espólio das turmas e das escolas. Passarão a ser, elas próprias também, fontes de informação em próximos trabalhos.
Por isso lhe damos essa atenção merecida. Uma atenção assente em técnicas de comunicação e de design; em possibilidades plásticas várias (apoiadas por uma professora especializada) que possam enriquecer o ato comunicativo da investigação, tornando-a mais bonita, mais atrativa, mais eficaz.
Fazer o resumo e a ficha
Faz parte do processo de trabalho, como imperativo ético e como estratégia para uma maior aprendizagem e interiorização dos conteúdos, a realização de um resumo e de uma ficha de verificação para os colegas.
Tal como na Ciência, em que uma qualquer investigação só é validada quando partilhada pelos pares, no trabalho de projeto queremos e devemos introduzir os mesmos mecanismos que fazem parte das dinâmicas sociais.
Preparar a comunicação
Um projeto só termina depois de comunicado aos colegas. Saber comunicar requer um conjunto vasto de competências que importa experienciar, trabalhar e desenvolver.
É, pois, importante, que se encare esta fase com a seriedade que ela merece. Nas sociedades atuais, as capacidades comunicativas tornam-se, cada vez mais, essenciais nas várias áreas profissionais.
Comunicar
Com o apoio dos meios técnicos possíveis, assim como dos materiais construídos plasticamente, as crianças apresentam o assunto investigado aos colegas. Procuram, portanto, que eles aprendam o que elas estiveram a estudar.
São momentos de riquíssimas vivências, em que professor e colegas participam, debatem, questionam, acrescentam, avaliam todo um trabalho realizado. As crianças, para além de aprenderem sobre o assunto comunicado, vão igualmente construindo e aprendendo os critérios de um bom processo de trabalho, de uma bom produto final e de uma boa comunicação.
Resumo e a ficha de verificação
Os colegas recebem o resumo da investigação, bem como uma ficha de verificação das aprendizagens, que foi construída pelo grupo de investigadores e que por eles será corrigida.
Aprender a fazer fichas é algo de grande importância para quem, como os alunos, têm, na escola, de responder a tantas fichas... Tão (ou mais) importante do que saber responder a uma pergunta pode ser formular uma pergunta.
O sucesso da investigação será, pois, tanto maior como melhores forem os resultados desta ficha. Além disso, estes serão indicadores fundamentais quer do projeto, quer da comunicação, quer da própria ficha!
O Projeto Educativo desenvolve-se em cinco estruturas de trabalho curricular: